A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão extrema, estresse e esgotamento físico e mental. A palavra “burnout” vem do inglês (“burn”, que significa “queimar” e out, que significa “por completo”) e descreve a sensação, segundo especialistas, de “queimar até o fim”, quando a pessoa chega ao limite da capacidade física e emocional.

A principal causa é o excesso de trabalho, especialmente em ambientes de alta pressão, cobrança e responsabilidade. Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com algum tipo de doença mental relacionada ao trabalho, colocando o país na segunda posição mundial em casos de burnout.
Sintomas e diagnóstico de Burnout
A síndrome costuma se desenvolver de forma gradual e pode ser confundida com cansaço passageiro. Com o tempo, os sintomas se intensificam e comprometem a qualidade de vida. A psicóloga Eimy Rocha, especialista em estresse e saúde mental nas empresas, explicou que os sintomas podem ser tanto emocionais quanto físicos: “Geralmente envolvem um cansaço extremo e uma falta de conexão com o próprio trabalho. O trabalho continua sendo importante, mas a pessoa se vê desconectada da sua produção. Como o burnout é o auge do estresse crônico que não foi gerenciado, o corpo passa a responder com irritabilidade, dores de cabeça, baixa libido e até dermatites. É o efeito direto do excesso de cortisol e adrenalina circulando”.
Entre os principais sinais estão:
- cansaço físico e mental constante
- dificuldade de concentração
- alterações no sono e no apetite
- irritabilidade e mudanças repentinas de humor
- sensação de fracasso ou incompetência
- dores musculares e de cabeça frequentes
- isolamento social
- negatividade persistente
- problemas gastrointestinais e aumento da pressão arterial
De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome também pode evoluir para depressão profunda, sendo essencial procurar ajuda logo nos primeiros sinais. O diagnóstico é feito por psiquiatra ou psicólogo, a partir de uma avaliação clínica. O tratamento geralmente envolve psicoterapia, podendo incluir o uso de antidepressivos ou ansiolíticos, conforme orientação médica.

Esgotamento no ambiente acadêmico
O fenômeno também tem sido observado fora do ambiente corporativo por estudantes, especialmente os que enfrentam alta carga de estudos, competitividade e pressão por desempenho. Segundo a psicóloga Eimy Rocha, o mesmo esgotamento pode ocorrer entre pessoas que vivem intensamente o meio acadêmico
“Pessoas que seguem a carreira acadêmica trabalham com o estudo, com produção intelectual. Então, pode sim haver um burnout que vem desse ambiente acadêmico, da própria rotina de pesquisa e da pressão por resultados”, explicou Eimy. A exaustão mental, o desânimo e a dificuldade de concentração são sinais de alerta. Assim como no caso profissional, o acompanhamento psicológico é essencial para evitar agravamentos.
Como prevenir burnout
A psicóloga Eimy Rocha reforçou que o descanso é parte essencial da produtividade e não o oposto dela. “É importante que cada um observe a sua relação com o trabalho e com o descanso, porque o descanso faz parte da produtividade. Quando você consegue parar e absorver o que produziu, consegue produzir melhor, e nem sempre em maior quantidade. O trabalho não pode ser a sua vida, ele precisa ter uma proporção equilibrada dentro das outras áreas da sua rotina”, orientou.
Existem medidas simples, mas eficazes, para prevenir o burnout:
- estabelecer limites entre vida pessoal e trabalho
- reservar tempo para lazer e descanso
- praticar atividades físicas regularmente
- conversar com pessoas de confiança sobre o que sente
- evitar o uso de álcool e outras substâncias para aliviar o estresse
- procurar ajuda profissional ao notar sinais persistentes de cansaço ou desmotivação
Onde buscar ajuda
Quem enfrenta sinais de esgotamento pode procurar ajuda gratuita em serviços públicos de saúde:
– CAPS (Centro de Atenção Psicossocial): indicado para situações mais graves ou persistentes de sofrimento mental. Os CAPS oferecem atendimento individual e em grupo, com equipe multiprofissional, e trabalham para a reabilitação e reinserção social. Existem modalidades específicas (Caps I, II, III, AD e AD III), conforme o tamanho da população e o tipo de demanda. É gratuito, através do Sistema Único de Saúde (SUS), com acompanhamento psicológico e psiquiátrico. É possível buscar orientação na USF (Unidade de Saúde da Família) mais próxima. Lá, o usuário passa por uma escuta inicial e a equipe avalia a melhor forma de cuidado, podendo ser o encaminhamento para um CAPS, para uma consulta com psicólogo ou psiquiatra em uma policlínica.
– Ambulatório Juliano Moreira: localizado no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, no bairro da Torre, em João Pessoa, oferece atendimento psicológico, psiquiátrico e práticas integrativas. O acesso é espontâneo, ou seja, não é preciso encaminhamento, e o serviço funciona todos os dias da semana.
– Situações de crise em saúde mental: o atendimento pode ser feito no Pronto de Atendimento em Saúde Mental (PASM), na rua Cel. Benevenuto Gonçalves da Costa, em Mangabeira, que atende João Pessoa e região metropolitana, ou no Espaço de Atenção à Crise (EAP), do Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, localizado na Avenida Dom Pedro II, no bairro da Torre.
– CVV (Centro de Valorização da Vida): oferece atendimento gratuito, anônimo e 24 horas por telefone (188) ou no site cvv.org.br.
